sexta-feira, 23 de março de 2012

Projeto de despoluição da Baía de Guanabara será concluído até 2016

Secretário de Meio Ambiente diz que lixões no entorno da Baía serão eliminados até o fim do ano. Aterros sanitários controlados serão inaugurados com o fechamento dos lixões

Depois do anúncio de mais de R$ 1 bilhão para a despoluição da Baía de Guanabara, o secretário de Meio Ambiente, Carlos Minc, em reunião realizada na manhã desta quinta-feira na sede da Secretaria Estadual de Saúde (SEA) e do Instituto Estadual de Ambiente (Inea), no Rio, explicou como será usada a verba para municípios como o Rio, Niterói, São Gonçalo e Maricá, entre outros.

O secretário prevê que as melhorias sejam concluídas antes das Olimpíadas de 2016. “Vamos acabar este ano com todos os lixões da Baía. Já passamos no de Itaoca e o de Belford Roxo. O objetivo é fazer o trabalho completo. Em cinco anos, passamos de dois mil litros por segundo para seis mil litros por segundo de esgoto tratado. Mas não temos só a questão do esgoto poluindo a Baía de Guanabara. Há também a questão dos lixões, outro grande poluidor desta nossa Amazônia azul. Vamos passar o cadeado em todos os lixões do entorno da Baía de Guanabara até o final deste ano. Agora, no início de março, fechamos os lixões de Itaoca, em São Gonçalo, e o de Babi, em Belford Roxo, onde também inauguramos aterros sanitários. E em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, vamos encerrar definitivamente o aterro controlado de Gramacho”, disse o secretário.

Segundo Minc, Niterói atualmente possui um sistema de esgoto próprio e de ótima qualidade. O secretário salientou que a Águas de Niterói tem atingido uma cobertura de 85 a 90% no tratamento de esgoto. “Niterói é hoje um dos 10 municípios com os maiores índices de tratamento de esgoto do estado. A cidade está em expansão quando diz respeito ao cuidado com o esgoto”, elogiou. O presidente da Cedae, Wagner Victer, explicou que qualquer melhoria feita na Baía vai beneficiar diretamente a cidade de Niterói.

“Se houver tratamento em Paquetá a mudança será sentida em Niterói. Principalmente nas praias. O programa vai trazer melhorias para o turismo e para a atividade pesqueira”.

De acordo com Minc, Maricá vai receber R$ 93 milhões para melhorias no sistema de saneamento; R$ 33 milhões provenientes da Secretaria de Meio Ambiente e R$ 60 milhões da Petrobras.

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de São Gonçalo vai passar por reformas. A cidade ganhará uma nova ETE que será construída em Alcântara. A estação vai atender 400 mil pessoas, permitindo a conexão da rede e tratamento de esgoto em mais de 33 mil domicílios.

O coordenador executivo do Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (Psam), Gelson Serva, explicou que o programa já vem sendo organizado há pouco mais de um ano e que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) exige muito compromisso e planejamento. Ele salientou que o trabalho é conjunto entre a Cedae, Inea, SEA e Secretaria de Fazenda.

“Vamos arregaçar as mangas em torno deste programa. O Psam faz parte de uma política de estado em questão de saneamento. Estamos envolvidos com dois pilares importantes, Lixão Zero e o Rio + limpo. Temos um compromisso com as Olimpíadas. O saneamento da Baía e a erradicação dos lixões é um compromisso primeiro com a população do Rio”, completou.

Minc explicou que as promessas de despoluição do passado não deram certo pois o dinheiro não foi usado para o saneamento.

“As conexões não foram feitas e as estações de tratamento estavam secas. Não vimos tratamento de esgoto durante anos. Considero isso um monumento à ignorância. Além de não tratar, as estações se deterioraram com o passar dos anos. A diferença desse programa para os outros é que vamos mostrar o progresso. As pessoas terão como acessar via internet e os nossos passos. Tudo o que for feito será divulgado, será mostrado mês a mês. Vamos dar total transparência na execução e no andamento. Todas as informações serão disponibilizadas na internet”, disse.

A presidente do Inea, Marilene Ramos, salientou que as pessoas poderão ficar cientes do desenvolvimento do programa.

“Já disponibilizamos em nosso site, no Dia Mundial da Água, os resultados da qualidade da água dos rios que deságuam na Baía de Guanabara. Na medida em que o programa for avançando e que menos esgoto in natura estiver sendo lançado na Baía, vamos disponibilizar as informações no site, tanto da eficiência dos resultados de cada Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) quanto o resultado da evolução da qualidade da água”, destacou Marilene Ramos.

No total, 15 municípios serão beneficiados: Rio de Janeiro, Nilópolis, Mesquita, São João de Meriti, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito, Tanguá, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói.

Campanha para que praias fiquem sempre limpas

Uma campanha com mensagem válida para o ano inteiro vai ganhar as praias de Niterói neste fim de semana. Coordenada pela Comissão Permanente de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (Comarhs), da Câmara Municipal de Niterói, a “Jogue Limpo com Nossas Praias” tem o objetivo de sensibilizar a população para a importância de se recolher o lixo produzido nas praias niteroienses, independentemente da época do ano. Segundo o vereador Zaff (PDT), presidente da Comissão, grupos vão se dividir pelas praias da cidade distribuindo informativos contendo o tempo de decomposição de alguns resíduos e sacolas oxibiodegradáveis (que não agridem a natureza) para que os frequentadores façam o recolhimento do lixo. “A campanha foi pensada para estimular e despertar a população sobre a importância de não deixar nenhum tipo de resíduo nas águas e areias. Esta conscientização não pode valer apenas para o verão, mas sim para todas as estações”, frisa o parlamentar, lembrando que a responsabilidade da limpeza das praias da cidade é de responsabilidade de todos e não só do poder público. Já a bióloga Heloisa Osanai, membro da comissão e coordenadora do evento, enfatiza que a poluição causada pela ação humana traz danos irreparáveis à vida marinha. “Peixes, aves, tartarugas, mamíferos e vegetação aquática morrem diariamente em decorrência do nosso descaso. Além disso, os prejuízos à navegação e às atividades pesqueiras são crescentes, sem contar com o aumento de despesas municipais com limpezas periódicas”, declara ela.

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